segunda-feira, 20 de setembro de 2010

Blindness

...E tudo que ele queria era parar de pensar nela, porém seus esforços pareciam ser em vão... todas as tentativas bobas de se distrair com um programa na tv, com uma musica do rádio, nada adiantava - tudo lembrava ela.
E também, como esquecer aqueles cabelos dourados, bochechas rosadas e olhos tão profundos, fascinantes e misteriosos quanto uma nebulosa de uma galáxia distante! O corpo frágil, o jeito único de ser onde misturavam-se sensualidade, inocência, segurança e alegria... "Como ela é linda! E como eu estou longe de um dia poder tê-la em meus braços..."
Uma Deusa, era como ele a via: um ídolo do qual idolatrava, alguém completamente intangível.
Era inexplicável sua felicidade ao vê-la, e como ficava sem palavras a todo momento que passava a seu lado, do qual só conseguia sorrir e ficar ali, contemplando sua beleza e seu brilho fantástico, e toda vez que ela o olhava nos olhos, o frio inevitável na barriga percorria todo o seu corpo fazendo-o tremer, gaguejar, paralizado em frente àquela que seria pra sempre sua Afrodite, mesmo que ela nunca viesse a saber disso.
Mas quando ela foi embora, finalmente se viu na melancolia de viver um amor sozinho... havia-se privado de viver e de sentir o que um dia sentira por aquela pessoa que agora lhe acenava um "adeus".
No entanto ele preferia assim, dessa maneira ninguém nunca tomaria o lugar de sua tão exuberante amada.
Mas então veio o desespero.
Via-se sem chão, nada mais fazia sentido, não encontrava motivos pra continuar ali, vivo, de pé, inerte, apenas ocupando espaço...
Seus pensamentos já não eram dos melhores, o raciocínio era fraco, encontrava-se de vez em quando em meio a seus sentimentos confusos, e percebia que tudo a sua volta eram agora simples detalhes, dos quais já não se importava mais.
Quase optou pela saída de emergência, mas covardemente não cortou a veia principal, e optou por deixar as gotas de sangue caírem suavemente enquanto as sentiam percorrer todo o caminho em seu corpo, até finalmente tocarem o chão.
No fim de sua sanidade seu amor doentio não o deixou morrer, fazendo de si mesmo um mero fantoche para suas brincadeiras de machucar um coração apodrecido.
Mais um retrato horrível de uma pessoa que deixou a possessão tomar as rédeas rumo à insanidade.
Por todo o sempre, a esperou.
Ela nunca mais voltou.
Ele jamais foi o mesmo.

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