terça-feira, 15 de janeiro de 2013

À Procura (Parte 1)

Esforço-me para não deixar pegadas. Não quero ser seguido. Não quero que me encontrem. 

O céu está tão bonito hoje! Posso ver as estrelas com facilidade. Hoje elas cobrem o céu quase por completo. É incrível como isso me faz sorrir sempre, não importa o que estou passando ou o que estou sentindo. À minha direita, o mar. Posso ouvir daqui o barulho das ondas quebrando na areia; o reflexo da lua tremula na água, agitada pelas brisas de verão que nessa noite se fazem presentes.

As luzes dos postes relevam minhas sombras, únicas companheiras de caminhada, que crescem e diminuem a cada passo que dou. Então, paro.

Hesito.

Uma gota quente percorre meu rosto e toca meus lábios. O gosto salgado me faz olhar pra trás, e parte de mim quer dar meia volta, quer largar a mochila no chão e correr pra você novamente. Volto minha visão bruscamente para frente. Não posso voltar mais. Não agora. Cerro meus punhos, fazendo meu máximo para enjaular meus sentimentos, a fim de não deixá-los explodir e tomarem conta de mim, levando-me a fazer exatamente o que minha razão suplica para que eu não faça.

Respiro fundo.
Acalmo-me, enfim.

Olho para as placas, que indicam que não estou tão longe do meu destino agora. As estrelas continuam no céu. As ondas do mar ainda ditam o ritmo dos passos e a brisa parece querer me empurrar para frente. Junto o que restou de mim e volto a caminhar, convicto a não deixar pistas.

Ironicamente, pistas foram tudo o que te deixei.


(continua)

Um comentário: