segunda-feira, 20 de maio de 2013

Just forget the world




"As coisas aconteceram rápidas demais. Agora estou sem saber por onde ir, nem o que fazer. Devo ficar parado e esperar, ou devo correr o mais rápido que posso? Se correr, onde vou chegar? Se ficar, o que dizer?”

A pressão parecia dissipar todas as ideias racionais de Alexandre, que mais queria fugir que ficar. Ao mesmo tempo, sabia de seus deveres, suas responsabilidades. Era como se quisesse ir embora para lavar a alma, mas voltar para encarar a vida de frente. Buscava como louco uma solução para conciliar seus sonhos com sua realidade, mas já se via com poucas opções.

Observava sua cidade de longe, sentado numa pedra no topo de um pequeno monte. Gostava dali, pois era o lugar onde ninguém jamais pensava em procurá-lo. Sempre que ia lá, ficava sentado por horas, apenas clareando a mente e se encontrando consigo mesmo para colocar os sentimentos em dia.



A natureza do lugar também o fazia bem. A ideia de ver a cidade longe lhe trazia calma, pois se sentia fora daquele vaivém constante de pessoas irritadas em faróis, carros, metrôs, ônibus, calçadas. Não importava a idade ou ocupação: todos, sem exceção, corriam para não perder a hora, mas perdiam horas correndo da vida. Pensava ele que isso acontecia por medo de encará-la, de não saber vivê-la, ou mesmo de não suportá-la.

Mas Alexandre não era diferente. Por isso estava ali, tomando um ar para voltar à poluição.
“Talvez se eu escrever sobre isso, essa loucura passe um pouco...”

E assim ele usava a escrita: como mais uma de suas válvulas de escape, seu ponto alto. O papel se fazia de refúgio e também ali ele sentia que ninguém poderia encontrá-lo enquanto estivesse submerso em sua inspiração. Naquele dia, vomitou todas as palavras engasgadas em seu âmago. Escreveu até doer o pulso, e depois continuou escrevendo. Havia muito a ser falado e tão pouco já havia sido dito.

Mas rasgou o que escreveu depois.

Estava aliviado, era como se tivesse contado seus mais guardados segredos a alguém, com a certeza que esse alguém jamais falaria nada a ninguém. Pegou os pedaços de papel e os soltou ao ar. Dançaram monte abaixo, sem destino certo. O vento se encarregaria de levá-los onde quer que devessem chegar.

“Acho que é hora de eu descer também.”

Então, baniu de si o restante de sentimentos o que lhe importunava e jurou em todas as línguas que conhecia que acreditaria sempre em si mesmo. E aquilo deveria bastar.

“Precisa bastar. Não há outra opção”.

Levantou-se, encheu seus pulmões com o ar do alto daquele monte e iniciou sua jornada de volta. Sentia-se pronto, mais uma vez, para seguir em frente. Mas antes olhou pra trás, fez seu rotineiro gesto de agradecimento e seguiu.


Sabia que voltaria lá mais inúmeras vezes para recuperar o fôlego, mas não ligava. Naquele momento se sentia preparado e, de certo, já havia recuperado o que lá foi buscar:


A força necessária para poder continuar.

sábado, 4 de maio de 2013

Fragmentos


Desiludo-me com a realidade estática, e tento voltar às realidades ilusórias que, por mentiras, me fazem sorrir. Afinal, é mais fascinante perder o controle da mente a ter uma mente controlada.
Só mais uma vez; é tudo o que preciso. Experimentar a fuga para a paz. Fugir do corpo num só copo, fugir da vida num comprimido só.
Sorrir.
Se a sensação passar, que eu consiga ao menos lembrar.
E se eu pudesse prolongar? Fugir de vez, só pra me encontrar! Se eu tomar uma mão cheia de coloridos, acho que vai bastar.
Psicodelia colorida em vez de um céu cinza.
Me despeço daquilo que o mundo me fez.


Preciso de um fim.