quarta-feira, 8 de setembro de 2010

(in)sanidade

Ela está morrendo.
Não consegue mais fugir de tudo aquilo que a leva à insanidade.
Triste, vazio, como definir o que seus olhos passam?
Remédios já não são fortes o bastante, os cortes já são fundos demais.
Caída, suas forças somem ao tentar rastejar-se até a saída mais próxima.
Tudo começa a girar, então pela primeira vez, sente estar morrendo de verdade.
Seus sentidos ficam falhos. Não consegue ouvir nem enxergar direito... Nem mais sente a dor dos cortes...
Sente uma paz passageira.
Apenas passageira.
A dor volta.
Seu estômago dói muito; ela se contorce e tenta gritar, enquanto sua pele vai perdendo a cor, ao mesmo tempo em que se mistura ao vermelho de seu sangue, que ainda brota de suas tentativas sem sucesso de aliviar o peso do mundo dando vazão àquilo que lhe dá a vida.
Arrepende-se.
Tarde demais.
Não há ninguém em casa, não há ninguém por perto.
Sente frio, sente medo, quer mais do que tudo voltar no tempo, quer tentar de novo, quer uma nova chance.
A dor já é insuportável.
Então chora como uma criança, desesperadamente.
E nada mais sobra.
Apenas carne.
Um corpo sem vida.
Uma vida de dor.
A dor da escolha.
A escolha do caminho.
O caminho sem volta.

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