quarta-feira, 22 de novembro de 2023

Nostalgia



De vez em quando eu acho que perdi o jeito de fazer isto; de deixar as palavras simplesmente se soltarem, entrarem em erupção e acharem uma rota de fuga dessa mente confusa. Mas hora ou outra, elas acabam arranjando um jeito e emergem, atropelando-se, juntando uma ideia na outra e, quando menos espero, lá está a frase, o parágrafo, o texto. 

A princípio nem sempre elas fazem sentido, mas depois acham um jeito de se organizar e voilá! Mais um pedaço de mim que saiu correndo e se espatifou no papel.

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Eu costumava compartilhar todos esses acidentes literários com você, né? 

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Às vezes ainda me pego pensando em ti. Pensando em como você tá, em como seria se as decisões que tomei fossem outras. 

Será que conseguiríamos zerar toda nossa bucket list? Todos os nossos “coisas a fazer com você”... Eram tantas, tão simples e tão entusiasmantes!

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Será que continuaríamos alimentando aquele sentimento bonito um pelo outro? Será que, a cada vez que eu olhasse no seu olho, eu ainda perderia as palavras? Será que teríamos nossas conversas filosóficas nas cadeirinhas reclináveis no seu quintal, enquanto dávamos formas às nuvens ou contávamos as estrelas? Será que a gente ainda completaria a frase um do outro?

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Saudades de ti. Faz falta ficar horas e horas conversando sobre tudo e nada com você, ou às vezes só ficar te olhando, e me enxergar no reflexo do azul dos seus olhos; ver o dourado dos seus cabelos esvoaçando parque afora; ouvir sua risada contida de “eu não sei explicar isso! É mágico!” toda vez que tentávamos explicar o que sentíamos um pelo outro. 

Tô ouvindo sua música favorita. Meus olhos marejam. 

As palavras tão acabando (quantas foram as vezes que nem precisávamos delas?)

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Que nada tire seu sorriso e, se tirar, que seja por pouco tempo.

Beijão.