terça-feira, 16 de julho de 2024

)Entre Parênteses(


Lendo as linhas do texto que conta a história dos meus dias, deparo-me com um sem-número de incompletudes, frases abertas, ideias fragmentadas.

Parênteses abertos que dão vazão a interpretações que se perdem no tempo e espaço --- o que pode caber entre parênteses? Uma frase? Uma ideia?

... Uma vida?

Cá entre nós, muito entre aspas, abro parênteses por todo caminho que trilho, e já não sei onde começa uma frase e onde se inicia outra e a falta de pontuação me faz ficar sem fôlego ao ler e clamo enlouquecidamente por uma vírgula que possa enfim me permitir inalar o ar que me envolve ainda que pesado e frio mas necessário para me manter vivo e me pergunto já sem aguentar se um dia vou encontrar meu ponto final.

Meus caminhos tortuosos copiados a lápis sobre o papel, como se assim, ao apagá-los, eu pudesse reescrever o passado. Tolo de mim, que ainda não entendi as lições de outrora e me vejo obrigado a repeti-las, numa tentativa desesperada de vencer os fantasmas de ontem que vivem em mim.

Meu destino incerto não me permite a segurança de fechar um ciclo.

Não consigo fechar um parêntese sequer, e é um tanto estar entre vírgulas que me vejo um aposto de mim mesmo, esmiuçando o óbvio a todo momento.

Meu dia a dia é um vis a vis num reflexo infinito no espelho.

Solidão? Reflexão?

(Me perdi do meu início e é tarde demais para