sábado, 27 de setembro de 2025

In a Loop

(ouça enquanto lê)


Tem algo em mim querendo gritar. Algo que quer emergir e transbordar inconsequentemente, incontrolavelmente.

É como se já não houvesse como segurar isso em mim. Parece estar se debatendo, como em uma camisa de força, buscando libertar-se a todo custo.

Algo que eu não queria que saísse. Que não fosse mostrado ao mundo.

Mas a superfície de mim mesmo já está se quebrando, estilhaçando. Não demorará muito agora.

E esse sentimento, como uma erupção, começa a soltar-se ferozmente dentro de mim. Acha caminhos, atalhos. Veias viram vias em que ele transita junto com meu sangue, que efervesce e se agita, acelerando meu coração. A respiração, aflita, se compadece.

O corpo sofre por ele mesmo.

Perco o controle até mesmo da máquina humana.

Estremeço, arrepio, enrubesço. Não consigo me manter em pé, e caio de joelhos.

Enfim, o sentimento acha uma saída, pegando carona com uma ínfima lágrima, que se demora em minha íris, encarando-me frente a frente, e então rola rosto abaixo, resvalando em meus lábios antes mesmo de ir ao chão, deixando seu sabor salgado se misturar ao amargor do momento.

Dali, um sem-número de outras lágrimas tão iguais àquela fazem nascente em mim, enquanto a foz varia entre minhas mãos, soluços e palavras entrecortadas, quase mudas.

E choro.

Muito.

Por um tempo que não sei precisar.

.

.

.

Parece que elas acabaram.

Alívio. Calma.

Silêncio.

É a deixa para me colocar de pé de novo. Bater o pó da roupa, olhar ao redor e seguir — ainda que para um rumo cujo destino desconheço.

Let's start again.



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