Tem algo em mim querendo gritar. Algo que quer emergir e transbordar inconsequentemente, incontrolavelmente.
É como se já não houvesse como segurar isso em mim. Parece estar se debatendo, como em uma camisa de força, buscando libertar-se a todo custo.
Algo que eu não queria que saísse. Que não fosse mostrado ao mundo.
Mas a superfície de mim mesmo já está se quebrando, estilhaçando. Não demorará muito agora.
E esse sentimento, como uma erupção, começa a soltar-se ferozmente dentro de mim. Acha caminhos, atalhos. Veias viram vias em que ele transita junto com meu sangue, que efervesce e se agita, acelerando meu coração. A respiração, aflita, se compadece.
O corpo sofre por ele mesmo.
Perco o controle até mesmo da máquina humana.
Estremeço, arrepio, enrubesço. Não consigo me manter em pé, e caio de joelhos.
Enfim, o sentimento acha uma saída, pegando carona com uma ínfima lágrima, que se demora em minha íris, encarando-me frente a frente, e então rola rosto abaixo, resvalando em meus lábios antes mesmo de ir ao chão, deixando seu sabor salgado se misturar ao amargor do momento.
Dali, um sem-número de outras lágrimas tão iguais àquela fazem nascente em mim, enquanto a foz varia entre minhas mãos, soluços e palavras entrecortadas, quase mudas.
E choro.
Muito.
Por um tempo que não sei precisar.
.
.
.
Parece que elas acabaram.
Alívio. Calma.
Silêncio.
É a deixa para me colocar de pé de novo. Bater o pó da roupa, olhar ao redor e seguir — ainda que para um rumo cujo destino desconheço.
Let's start again.
Nenhum comentário:
Postar um comentário