sexta-feira, 1 de abril de 2022

Infinite waves


(Música: James Young - Infinity)

Após uma viagem frustrante em que nada queria dar certo, Ana, no alto de seus 10 anos, voltava para casa. No banco de trás do carro de seu pai, via a paisagem passar. Seus cabelos pretos esvoaçavam com o vento, que de seus olhos claros arrancavam as lágrimas represadas.

Marcos, o pai de Ana, olha para trás. Sente muito pela experiência que a filha teve, e resolve tentar melhorar as coisas.

Ainda triste, Ana começa a ver a paisagem mudar em sua frente. Um som distante, que ia ficando cada vez mais próximo, envolve-a; então diante de seus olhos, após o carro vencer as últimas montanhas, Ana vê, pela primeira vez, o mar.

Um sentimento único a invade e a preenche por completo. O verde de sua Íris brilha e seu corpo instintivamente dança ao som das ondas quebrando na praia. Sem perceber, Ana abre os braços, como se deixasse o vento levantar seu voo até a areia.

O carro para. Ana olha para o pai, esperando aprovação. Tão logo recebe e corre calçada afora até o início da praia. Seus pés, já descalços (para onde voaram os chinelos?) tocam a areia macia e quente. Sente como se agora soubesse como é pisar em nuvens, e caminha agora em direção ao mar. Todo aquele infinito de água cristalina a fascina, e andando agora mais devagar, chega à areia molhada. Sente os pés afundarem um pouco, e hesita. Olha para trás, outra anuência de seu pai.

Então, sentindo-se confiante e segura, dá mais um passo à frente, mais um, mais um. Vê uma onda alcançar seus pés, e não segura a felicidade de sentir a água do mar, gelada, pela primeira vez na vida.

Sentia como se aquele fosse o melhor dia da sua vida, de tão leve que se sentia. Sua inocência de criança tornava tudo ainda mais singelo. A lágrima de alegria dela, agora, se junta ao mar.

Um momento simples que, para Ana, parecia infinito.


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